A Otite e as doenças do ouvido: como cuidar do ouvido do seu cachorro

A Otite e as doenças do ouvido: como cuidar do ouvido do seu cachorro

Hoje vamos falar sobre algumas patologias do ouvido, dentre elas, a Otite. É comum qualquer doença do ouvido ser chamada de “otite”, porém, é importante destacar que a Otite é uma das várias doenças que acometem o conduto auditivo.

O ouvido dos cães tem um formato em “L”, conforme podemos ver na imagem abaixo. Por isso, muitas vezes, a causa de uma vermelhidão na parte mais externa e visível está vindo da parte mais interna, ou mesmo de uma outra doença, em outra parte do corpo, que sequer chegamos a cogitar que possa ter relação com o ouvido.

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Fonte: Clinipet

Um dos maiores problemas que enfrentamos em atendimentos na Clínica Veterinária é o auto-diagnóstico realizado pelos tutores dos cães, que começam o tratamento por conta própria, usando medicamentos bem famosos no tratamento de Otite. Ocorre que, muitas vezes, a Otite não é a causa primária do problema, ou seja, pode haver algo por traz causando a inflamação que o medicamento “famoso” não vai resolver.

Há muitos medicamentos hoje no mercado para tratar alterações otológicas: Auritop, Otoguard, Easotic, Aurigen, Aurivet, Otomax, dentre outros. Cada um desses medicamentos tem uma ação diferente, ou seja, nem sempre agem no mesmo problema. Por isso, você não deve lançar mão de qualquer um deles quando seu cão apresentar alguma inflamação de ouvido, pois é preciso saber a causa do problema para indicar o medicamento correto que irá agir sobre a doença.

Há muitos fatores que podem levar à Otite: fungos, bactérias, alergias, corpo estranho, parasitas, dentre outros. O ideal é que seja feito um exame pelo Médico Veterinário para que seja indicado o medicamento com o composto ideal para tratar aquela inflamação de acordo com a sua causa, bem como avaliar se será necessário o uso de um medicamento oral de apoio ao medicamento tópico que será aplicado diretamente no conduto auditivo do animal.

Um exemplo que já aconteceu aqui na Clínica: um cão chegou com inflamação no ouvido, porém os exames apontaram um problema na tiróide. Ou seja, o hipotireoidismo era a causa primária para a otite. De que adiantaria tratar o ouvido sem descobrir a causa? Continuaríamos tendo um animal com recorrência do problema.

Há alguns casos em que é necessária a indicação de raio-x e até mesmo tomografia de cabeça, para identificação de problemas de ouvido que acontecem mais internamente dentro do conduto. Como dissemos anteriormente, o conduto auditivo do cachorro é em formato de “L”, tendo uma alça interna que não é visível aos olhos, por isso, não pode ser avaliada clinicamente, sendo necessários exames complementares.

Algumas raças têm uma maior tendência a desenvolver doenças do ouvido. Quais? Aquelas que possum orelhas “pendulares” ou seja, orelhas que permanecem a maior parte do tempo fechadas.

Qual a frequência para limpeza e como limpar?

O ideal é que a limpeza não seja feita com frequência. Muitos tutores confundem a cera do ouvido (normalmente amarronzada) com sujeira de infecção. A cera é um fator de proteção do ouvido e o que precisa ser limpo é o seu excesso. Por isso, recomenda-se que a limpeza seja feita semanalmente, quinzenalmente ou até mesmo mensalmente, a depender da produção de cera do ouvido do seu cão. Quem poderá orientá-lo com mais precisão a respeito é o Médico Veterinário, após o exame do ouvido do seu pet.

A limpeza não é algo difícil e existem muitos produtos que você encontra no mercado. Alguns são de aplicação direta (pinga algumas gotas no ouvido), outros são de aplicação num algodão para limpeza. O mais importante nisso tudo é que você não enfie o produto ou mesmo o algodão dentro do conduto do animal. A limpeza é somente da parte externa, a parte que você enxerga, ou seja, do pavilhão.

Tenha a rotina de sempre observar a condição otológica do seu animal. Observe qualquer mudança de coloração (se ficar com aparência irritada ou vermelha), mudança no cheiro ou excesso de cera/secreção. Normalmente, se monitorarmos com frequência, conseguimos observar o início da inflamação e iniciar o tratamento antes que a inflamação vire uma infecção mais difícil de tratar.

Por Márcio E. Becacici (CRMV-ES 1033)

Médico Veterinário Especialista em Anestesiologia Veterinária pela Faculdade de Jaguariúna – FAJ (2013-2015).

 

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