Cuidados Essenciais com Filhotes

O cuidado com filhotes começa antes da sua chegada em casa. É cada vez maior a ida de um filhote muito cedo para a casa da família. De forma muito equivocada, as pessoas acreditam que quanto mais jovem, quanto mais cedo o filhote chegar em casa, mais educado ele será. Isso é um equívoco e um mito que precisa ser derrubado. Afinal, isso faz com que o criador entregue o filhote mais precocemente e isso é um dos fatores de complicação de problemas de saúde em cães nessa fase da vida.

Sempre indicamos que um filhote apenas seja comprado ou adotado a partir dos 60 dias, ou seja, apenas após a segunda dose da vacina polivalente. E isso não é à toa, mas uma conduta salutar que corrobora para que o filhote se desenvolva em segurança e com saúde.

A retirada abrupta do cão da convivência com a mãe é uma grande causa de stress para o animal. O stress é uma condição “imunossupressora”, ou seja, ele diminui o mecanismo de defesa do corpo e expõe o animal a uma série de doenças. Um filhote está na fase de desenvolvimento de suas defesas, tanto que é nesta fase que ele passa por uma série de vacinações a fim de construir as defesas essenciais do seu organismo a doenças gravíssimas, como cinomose, parvovirose, dentre outras. Por isso, como na vacina ele terá contato com a doença “inativada”, é preciso que seu organismo e sua saúde estejam em perfeita condição de funcionamento.

Um filhote está na fase de desenvolvimento de suas defesas, por isso precisa de cuidados essenciais.

Precisamos saber que, quando um cãozinho vai muito cedo pra casa, ele vai passar por diversos fatores de stress: amigos dos tutores e familiares que vão conhecê-lo, pegar no colo. Há tutores ainda que, sem saber, levam o cão para passeios e viagens, antes que ele esteja completamente vacinado e protegido. São muitas ocorrências antes que ele tenha completado o protocolo vacinal. Assim, o animal acaba ficando muito mais sujeito a desenvolver problemas.

Meu filhote chegou. E aí? 

Outro detalhe importante no cuidado com um filhote é a adequação nutricional. Cada animal, de acordo com porte e peso, tem uma necessidade alimentar diferenciada, com quantidade de calorias específicas. Por isso, a visita ao Médico Veterinário a cada 21 dias para cumprimento do protocolo vacinal é muito mais que uma rotina simples. É uma rotina “pediátrica” essencial, que trará orientação ao tutor em curtos períodos, trazendo conforto ao animal e avaliação frequente de sua saúde nessa fase do seu desenvolvimento.

Filhotes são muito susceptíveis ao desenvolvimento de problemas de pele, de ouvido (otite), vômito e diarréia por verminose. Por isso, além das vacinas, há também a necessidade de vermifugação e nutrição.

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Ainda, no ambiente interno da casa, é ideal que o filhote não fique em locais altos. Filhotes ainda não possuem noção de altura e podem sofrer quedas com lesões e fraturas, inclusive na cabeça. Também no ambiente interno, importante que não tenham contato com locais onde haja corrente de vento. A rotina do filhote se resume basicamente a: alimentação, micção e defecação, interação e o sono. E eles dormem em qualquer lugar: atrás de porta, perto dos pés dos donos, por isso é preciso muita atenção e cuidado para não machucá-lo. Também recomendamos o cuidado na interação de crianças com os filhotes. A responsabilidade da criação é dos pais, adultos, e não das crianças.

Em resumo, quais são os cuidados essenciais com os filhotes?

• Vacinação: um filhote possui um protocolo vacinal que dura em média até os seus 90 dias de vida. Antes desse período, o animal não deve passear na rua para não correr o risco de contaminação com doenças fatais.
• Banho: recomendamos que, durante o período vacinal, conforme acima, o animal não seja levado a petshops para banho. Ele ainda não possui duas defesas desenvolvidas. Caso precise limpá-lo, oriente-se com o Médico Veterinário a como dar o banho em casa, ou mesmo chamar algum profissional que faça esse serviço. Existem sprays de “banho seco”, que ajudam na limpeza sem necessidade de levar o animal a um chuveiro. Isso estressará menos o animal.
• Vermifugação: assim como a vacinação, a vermifugação dentro dos 90 dias possui um protocolo diferenciado para garantir a proteção do animal.
• Carrapatos e pulgas: tome cuidado! Muitos dos medicamentos mais usados e indicados em redes sociais e nos petshops não podem ser usados por filhotes!! Por isso, peça indicação de medicamento anti-parasitas para o Médico Veterinário de confiança.
• Interação dentro de casa: muito importante que haja cuidado com o ambiente onde o animal vai ficar. Não deve ficar preso em espaços pequenos, nem dormir em locais altos de onde ele possa cair. Os filhotes costumam encostar em qualquer local e dormir ali, por isso, ao andar pela casa, observe tudo para não acabar machucando-o. Se houver crianças, monitore a relação, para evitar que, pela inocência delas, acabem fazendo algo que machuque o filhote.
• Interação fora de casa: a interação fora de casa, com passeios e encontro com outros cães, deve ser feito apenas após o fim do protocolo vacinal, quando o Médico Veterinário der a liberação para tanto. Na rua, há muitos fatores de transmissão de doenças e tudo que não queremos é que o animalzinho acabe se contaminando com alguma das doenças graves que as vacinas iniciais trarão proteção. 

   

   

  Por Márcio E. Becacici (CRMV-ES 1033)

  Médico Veterinário Especialista em Anestesiologia Veterinária pela Faculdade de Jaguariúna – FAJ (2013-2015).

   

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